Cirurgia Laparoscópica para o Tumor na Bexiga
Em que Consiste a Cirurgia Laparoscópica?
A cirurgia laparoscópica é uma técnica utilizada no tratamento do cancro da bexiga para proceder à cistectomia radical (ou, raramente, parcial). Esta intervenção consiste na remoção da bexiga. A cirurgia laparoscópica tende a substituir a cirurgia aberta no tratamento radical do tumor da bexiga.
Este procedimento é realizado quando o tumor é invasivo, ou seja, mais agressivo.
O principal objectivo é a remoção completa do tumor juntamente com a totalidade deste órgão (ou parte, no caso raro da cistectomia parcial), sendo igualmente necessário remover outros órgãos adjacentes.
Qual é o Procedimento da Cirurgia Laparoscópica?
A cirurgia laparoscópica é feita com anestesia geral e consiste em fazer pequenas incisões (de alguns milímetros) na parede abdominal do doente, por onde são inseridos instrumentos, como o laparoscópio, que permitem que o cirurgião efectue a cirurgia com controle através de um monitor de vídeo.
Esta técnica é utilizada para se poder proceder à cistectomia, isto é, à remoção da bexiga.
Cistectomia Radical
Caso o tumor seja invasivo, apresente grandes dimensões ou esteja espalhado por várias zonas da bexiga, é necessário proceder à cistectomia radical. Ou seja, é necessário remover o órgão na sua totalidade.
Para que o aparelho urinário continue a funcionar, é necessária uma cirurgia de reconstrução, com um “órgão artificial”, para que a urina continue a ser produzida, armazenada e eliminada.
Estas reconstruções podem ser de diferentes tipos:
- Criação de uma neobexiga, feita com intestino delgado (íleon);
- Derivação incontinente - em que se unem os ureteres, os canais que transportam a urina dos rins, a uma das extremidades de um segmento de intestino (também, geralmente, um segmento de íleon); a outra extremidade é ligada à pele, ficando o doente com um "estoma" (neste caso designado de urostomia).
- Derivação continente - semelhante ao anterior, mas em que se cria uma bolsa de intestino e um mecanismo "valvular". Esta válvula permite que o deonte cateterize a bolsa continente para, a intervalos regulares, proceder ao seu esvaziamento,
A cistectomia radical é acompanhada pela remoção da próstata e das vesículas seminais, nos homens e dos ovários, trompas de falópio, útero (incluindo o colo) e uma pequena parte da vagina, nas mulheres. São também removidos os gânglios linfáticos localizados perto destes orgãos.
Cistectomia Parcial
Neste procedimento cirúrgico apenas se retira a parte da parede da bexiga onde se localiza o tumor.
Uma das vantagens desta cirurgia é preservar a bexiga. Assim, este órgão não irá necessitar de uma reconstrução posterior. No entanto, apenas pode ser efectuada em casos muito especiais, pelo elevado risco de recidiva e progressão da doença.
Por outro lado, esta alteração na bexiga implica que perca parte do volume e da capacidade de reter a mesma quantidade de urina, que tinha antes do procedimento. Em consequência, uitas vezes ocorre um aumento a frequência das micções.
Quer conhecer mais sobre este tratamento para o Tumor da Bexiga?
Como é o Pós-Tratamento por cistectomia?
Após a realização da cistectomia radical, os doentes apresentam alguns efeitos secundários e consequências, que se mantêm ao longo o tempo.
No caso dos homens, deixa de ocorrer a ejaculação, a emissão de sémen/esperma. Mais preocupante, geralmente existiem lesões de nervos e vasos que enervam/irrigam o pénis, o que provoca geralmente dificuldades de erecção (disfunção eréctil).
As mulheres podem sentir a capacidade de orgasmo alterada, bem como um desconforto nas relações sexuais.
Estes efeitos secundários mantêm-se geralmente prolongada ou indefinidamente.
O paciente submetido a cistectomia deve ser acompanhado durante o resto da vida, fazendo exames médicos de rotina - quer exames de imagem, como ecografia e TAC, quer análises que avaliam, entre outros parâmetros, a função renal, a existência de infecções ou de alterações dos chamados equilíbrios "hidro-electrolítico" e "ácido-base", uma vez que podem ocorrer alterações dos níveis de iões e outros produtos no organismo.
Dr. José Santos Dias
Director Clínico do Instituto da Próstata
- Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
- Especialista em Urologia
- Fellow do European Board of Urology
- Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"
Perguntas Frequentes sobre a Cirurgia Laparoscópica para o Cancro da Bexiga
O que é a Cirurgia Laparoscópica da Bexiga?
Quando é que a Cirurgia Laparoscópica é recomendada?
Para além da bexiga que outros órgãos são removidos?
Referências
- DIAS, José Santos. Urologia Fundamental: na prática clínica. Lisboa: Lidel - Edições Técnicas, Lda, 2010.
- Bladder Cancer Surgery - https://www.cancer.org/cancer/bladder-cancer/treating/surgery.html
- Bladder Cancer Surgery - https://www.cancer.org/cancer/bladder-cancer/treating/surgery.html
- Bladder cancer - https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/bladder-cancer/diagnosis-treatment/drc-20356109
- Bladder Cancer: Types of Treatment - https://www.cancer.net/cancer-types/bladder-cancer/types-treatment