A importância de um diagnóstico precoce e de diminuir o estigma das doenças urológicas

Falar de Urologia e das doenças que podem afectar o aparelho urinário e sistema reprodutor é relevante em todas as alturas – em especial, quando o assunto é a importância de fazer um diagnóstico precoce e de eliminar os estigmas existentes.

Em pleno mês da Urologia (setembro) e com a Semana Europeia de Urologia a aproximar-se (de 26 a 30 de setembro), o tema é mais relevante que nunca. Esclarecê-lo e desmistificá-lo é essencial para que a saúde seja protegida ao máximo.

Assim sendo, este artigo é para si, caso acredite que precisa de um diagnóstico ou caso conheça alguém nessa situação. Vamos falar dos benefícios de se submeter a uma avaliação precoce, dos estigmas que a podem impedir e de como os combater.

 

Entenda o que significa fazer um diagnóstico precoce

O termo “diagnóstico precoce” pretende traduzir a ideia de fazer uma avaliação médica o mais cedo possível e retirar conclusões acerca do quadro clínico em causa. Deste modo, o objectivo é identificar patologias ou problemas de saúde em fases iniciais de desenvolvimento.

Para que isso seja possível, é necessário que o mesmo seja efectuado mal se identifiquem sintomas ou quando há uma probabilidade elevada de patologia urinária, graças à presença de factores de risco, mesmo na ausência de sintomas.

Um diagnóstico precoce está relacionado de forma directa com a realização de uma avaliação rigorosa e completa, dividida por várias etapas. Estas podem variar consoante o caso e as respectivas particularidades. Ainda assim, as mais habituais são:

  • Colheita de história clínica com avaliação das queixas – quais os sintomas sentidos, a sua intensidade, frequência e impacto na qualidade de vida;
  • Avaliação dos antecedentes pessoais – nomeadamente em relação a doenças prévias, respectivos tratamentos, exames realizados, tratamentos efectuados ou em curso;
  • Análise do histórico familiar – sobre patologias urológicas e geral;
  • Realização de exame físico – geral e específico, como o Toque Rectal nos homens e o  exame ginecológico na mulher, para identificar alterações detectáveis por este meio;
  • Realização de análises ao sangue e urina – para reconhecer valores que sugiram algum tipo de doença;
  • Realização de exames de imagem – como Ecografia, TAC, Ressonância Magnética, entre outros, para observar as estruturas internas e detectar problemas ou lesões;
  • Realização de exames endoscópicos, como a Cistoscopia;
  • Realização de Biópsias – para confirmar ou afastar uma suspeita de tumor em algum ponto do aparelho genito-urinário.

 

Os verdadeiros benefícios de fazer um diagnóstico precoce em Urologia

Já vimos que o principal intuito de fazer um diagnóstico precoce é identificar problemas de saúde ainda em fases iniciais de evolução, em que ainda são tratáveis ou mais facilmente tratáveis. Isto traz benefícios muito significativos e valiosos para qualquer quadro clínico.

Vamos conhecer os mais importantes e explorar cada um deles.A Importancia De Um Diagnostico Precoce E De Diminuir O Estigma Das Doencas Urologicas Beneficios Instituto Da Prostata (1)

1. Prognósticos mais favoráveis

Patologias que se encontram em fases iniciais de desenvolvimento tendem a ser mais localizadas, limitando-se à zona onde surgiram, sem atingirem outras regiões do corpo. Por sua vez, as doenças urológicas localizadas são, regra geral, mais curáveis e têm prognósticos mais favoráveis.

Um dos exemplos é o Cancro Prostático. Estudos mostram que as taxas de cura após fazer um diagnóstico precoce para um tumor na próstata são muito elevadas: cerca de 85-95% dos homens conseguem eliminar a doença.

Isto acontece porque, quando o tumor está localizado, os tratamentos conseguem ser mais incisivos e direccionados, eliminando com maior eficácia as células doentes.

 

2. Opções de tratamento mais diversificadas

Quando uma doença urológica se encontra em fases iniciais, as hipóteses de tratamentos tendem a ser mais alargadas. Para neoplasias prostáticas, por exemplo, existem muitas opções que podem ser usadas em tumores pouco avançados, desde a Braquiterapia, à Radioterapia Externa, à Crioterapia e  à Cirurgia minimamente invasiva.

Este alargamento do espectro de escolhas faz com que os pacientes possam contribuir para decidir qual o tratamento a realizar consoante a sua própria vontade, preferência e características.

Pelo contrário, à medida que as doenças vão avançando e agravando, as opções de tratamento disponíveis vão reduzindo, limitando-se por vezes a técnicas mais agressivas e com mais riscos, efeitos secundários e complicações.

 

3. Tratamentos menos agressivos

Além de alargar o espectro de tratamentos possíveis, uma patologia pouco avançada pode, na maioria dos casos, ser tratada com métodos menos agressivos e invasivos - minimamente invasivos.

Como resultado, a probabilidade de complicações, efeitos secundários e consequências, durante a sua realização (como hemorragia, infecção ou lesões em tecidos adjacentes), a curto e a longo prazo, diminui.

 

4. Efeitos secundários limitados

Uma vez que uma doença urológica detectada cedo pode ser tratada com métodos menos agressivos e invasivos, os efeitos secundários também são menos graves ou em menor número.

Esta redução dos efeitos é possível porque, usando métodos pouco invasivos, é mais fácil preservar as estruturas internas.

Isto é fundamental, dado que as consequências associadas a tratamentos urológicos são muito temidas, por se relacionarem com a função sexual e urinária.

 

5. Qualidade de vida recuperada

Muitas condições urológicas provocam algum tipo de sintomatologia ou desconforto. Em certos casos, estas queixas podem interferir com o bem-estar, levando a adaptações e mudanças no estilo de vida.

Como detectar um problema urológico cedo na sua evolução faz com que as hipóteses de cura aumentem, é possível eliminar possíveis sintomas e recuperar a qualidade de vida mais rapidamente.

 

A relação entre um diagnóstico precoce e a saúde mental dos doentes urológicos

Além da componente física, a presença de patologias urológicas impacta significativamente a saúde e estabilidade mental dos pacientes. Algumas evidências de trabalhos realizados ao longo dos anos, mostram até que os doentes urológicos têm maior risco de depressão e de distúrbios do sono.

A preocupação com o estado de saúde, com o risco de vida que os pacientes podem correr e com os efeitos que a doença provoca pode estar na origem destes quadros.

Ao alterarem significativamente a componente mental e emocional dos pacientes, estas situações acabam também por ter impacto de forma negativa em todas as áreas da vida – pessoal, íntima, familiar, social e profissional. A autoimagem e a autoconfiança tendem também a ser significativamente afectadas.

Então, ao aumentar a probabilidade de cura, um diagnóstico precoce tem um impacto positivo na saúde mental dos pacientes. Porquê? Primeiro porque, ao receberem um prognóstico favorável, após a confirmação de patologia, podem sentir-se mais confiantes no processo de tratamento e cura. Depois porque, ao eliminarem a doença, as preocupações com a mesma reduzem-se ou desaparecem.

Este impacto positivo a nível emocional e mental estende-se ainda às pessoas que rodeiam os pacientes, pois tendem a partilhar das suas preocupações.

 

O estigma das doenças urológicas: a principal barreira ao diagnóstico precoce

Apesar de todos os benefícios em realizar uma avaliação precoce e de identificar problemas em fases iniciais, existem alguns estigmas associados às doenças urológicas e aos seus tratamentos que podem fazer com que seja negligenciada ou evitada.

Estes passam através dos tempos e gerações e são causados por factores como o medo, os preconceito e crenças e a vergonha.

Vamos explicar melhor de seguida.A Importancia De Um Diagnostico Precoce E De Diminuir O Estigma Das Doencas Urologicas O Que Impede O Diagnostico Instituto Da Prostata (1)

O factor medo

Como vimos, a possibilidade de sofrer de uma doença urológica pode ser a fonte de muitos receios, relacionados com a própria sobrevivência, mas também com:

  • A realização de exames – “será que o Toque Rectal dói?”:
  • A possibilidade de dor durante um eventual tratamento – “será que se sofre durante um tratamento urológico?”;
  • As possíveis complicações do procedimento – “será que se perde muito sangue?”;
  • Os possíveis efeitos secundários – “será que retirar a próstata deixa o homem impotente?”.

O conhecimento de casos negativos em amigos, familiares ou conhecidos pode também fazer aumentar estes receios.

Desta forma, os pacientes evitam o diagnóstico por medo do veredicto e do que se seguirá ao mesmo. O resultado são doenças a serem descobertas em fases mais tardias, em que as hipóteses de cura reduzem.

Este medo é muito comum nas situações de suspeita de Cancro na Próstata, na Bexiga, no Rim ou noutro local do aparelho urinário, pelo risco de vida que podem representar.

 

A existência de preconceitos e crenças

O preconceito associado às doenças urológicas e procedimentos que a envolvem é outro dos motivos para que, por vezes, os pacientes evitem fazer um diagnóstico o mais cedo possível. Este estigma resulta, muitas vezes, de construções sociais, de crenças próprias e de desconhecimento acerca do tema.

O exame físico em que se realiza uma palpação da próstata é um dos procedimentos mais afectados pelo preconceito e desconhecimento. Estudos revelam que muitos homens acreditam que o exame rectal interfere com  a sua masculinidade. Por isso, é associado a um grande desconforto e constrangimento, levando a que, muitas vezes, seja evitado.

As disfunções sexuais, como a disfunção eréctil ou dificuldades de ejaculação, também sofrem do mesmo estigma, por serem encaradas como privadas, íntimas, sem resolução, motivo de vergonha e, por isso, não passíveis de serem partilhadas. Frequentemente os pacientes tendem a pensar que “são menos homens” por sofrerem destas condições. Assim, o seu diagnóstico pode ser protelado, pois evitam partilhar o problema e procurar ajuda.

 

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A vergonha da partilha

Algumas doenças urológicas podem ainda ser uma fonte de embaraço e vergonha. A Incontinência Urinária é um grande exemplo. Por causa das perdas involuntárias de urina, os pacientes podem evitar expor o problema e fazer o diagnóstico adequado.

Como resultado, o problema prolonga-se e pode agravar, provocar mais queixas e tornar-se mais difícil de  tratar, com o tempo.

 

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Ultrapassar o estigma das doenças urológicas e valorizar um diagnóstico precoce

A área da Urologia está em constante desenvolvimento. Por isso, a maior parte das doenças urológicas são tratáveis – o Cancro da Próstata, a Hiperplasia Benigna da Próstata, Tumores do Rim ou da Bexiga, a Incontinência Urinária e muitos casos de disfunções sexuais.

 

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Esta evolução também faz com que os tratamentos e exames de avaliação, como o Toque Rectal, sejam cada vez mais confortáveis, indolores, seguros e realizados de forma natural.

Além do mais, a tendência crescente de se usarem procedimentos menos invasivos também permite que os efeitos sejam menos marcados e até, em alguns casos, inexistentes.

Por estas razões e por todos os benefícios que enunciámos neste artigo, vale a pena apostar no diagnóstico precoce. Mas, para isso, é preciso ultrapassar os estigmas que impedem a sua realização – o medo, o preconceito e a vergonha. Como?

Através do acesso a informação esclarecedora sobre estes temas, que permite conhecer de forma exacta o que os procedimentos implicam, o que as doenças provocam e o que se pode esperar num pós-tratamento. Entender que existem muitas outras pessoas na mesma situação, que passam pelos mesmos processos e doenças, é também uma enorme ajuda para “normalizar” e banalizar estes assuntos.

Por fim, uma das medidas mais importantes para perceber em definitivo a importância de um diagnóstico precoce e eliminar os estigmas que o impedem passa por confiar em especialistas em doenças urológicas, como os do Instituto da Próstata, para o acompanhamento e para os esclarecimentos necessários.

No Instituto da Próstata, acreditamos que fazer um diagnóstico precoce é a estratégia mais eficaz de preservar um bom estado de saúde. Por isso, estamos disponíveis para partilhar toda a informação que permite eliminar estigmas e reduzir o medo, o preconceito e a vergonha no que à Urologia diz respeito.

Além disso, usamos os métodos de avaliação e de tratamentos mais inovadores disponíveis para que, após o diagnóstico, escolha as melhores abordagens terapêuticas para o seu caso.

Confie na nossa ajuda e aprenda as melhores formas de proteger a sua saúde.

Pode ainda acompanhar-nos nas nossas plataformas digitais para mais assuntos realizados com a Semana Europeia de Urologia e com a área urológica no geral.

Dr. José Santos Dias

Director Clínico do Instituto da Próstata

  • Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em Urologia
  • Fellow do European Board of Urology
  • Autor dos livros "Tudo o que sempre quis saber Sobre Próstata", "Urologia fundamental na Prática Clínica", "Urologia em 10 minutos","Casos Clínicos de Urologia" e "Protocolos de Urgência em Urologia"

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