Quando se diagnostica um cancro da próstata, o objectivo principal é eliminar, definitivamente, o tumor e curar o paciente. Mas com o desenvolvimento de diferentes técnicas de tratamento, a esta necessidade junta-se outra muito relevante: preservar ao máximo a função sexual e urinária, diminuindo os efeitos indesejáveis.
A Crioterapia Prostática é uma das técnicas que, apesar de relativamente recente, parece contribuir para preservar a qualidade de vida.
Vamos descobrir como e porquê.
Em que situações a Crioterapia Prostática é útil?
Apesar de cada vez mais considerada, a Crioterapia ainda não é a opção de primeira linha para o tratamento do cancro da próstata.
Por norma, é prescrita como terapêutica para os casos em que ocorre a recidiva de tumores, contribuindo para alcançar melhores resultados após um primeiro procedimento.
Quando é escolhida como primeira opção, os resultados são encorajadores, provando a sua eficácia, especialmente em casos específicos, tais como:
- Próstatas não muito volumosas);
- Impossibilidade de receber radiação;
- Preferência por métodos não cirúrgicos.
É uma das técnicas mais utilizadas no tratamento focal do cancro da próstata, a nível mundial. A indicação para a realização deste tratamento está relacionada com o risco que a doença representa.
A crioterapia no cancro da próstata pode ser utilizada nos tumores em fases iniciais, localizados na glândula e nos tumores de baixo risco ou risco intermédio - evitando que se espalhem ou regressem após o tratamento.
Para simplificar, e de acordo com as métricas que avaliam a agressividade e risco dos cancros prostáticos, a Crioterapia é indicada nos seguintes tumores:
- Score de Gleason 6, nível de PSA inferior a 10ng/ml e estadiamento T1 ou T2 – considerado de baixo risco;
- Score de Gleason 7, nível de PSA entre 10 e 20ng/ml e estadiamento T2b – considerado de risco intermédio.
Além disso e sobretudo, a Crioterapia é particularmente eficaz nas recidivas do cancro, após um tratamento de Radioterapia ou Braquiterapia.
Como se processa o tratamento?
Como qualquer terapêutica para o cancro da próstata cujo objectivo é a cura, a Crioterapia procura eliminar as células responsáveis pela formação do tumor.
Para isso, usa temperaturas extremamente baixas (que atingem os -40°), congelando o tecido doente e cortando o seu suprimento de sangue, levando à sua destruição.
Isto é possível graças à inserção de agulhas na zona do períneo, por onde circula o gás congelante e ao controlo do procedimento em tempo real através de uma sonda inserida no recto.
Apesar de ser esta a base do tratamento por Crioterapia na próstata, o método de atuação pode variar (imagem):
- De forma generalizada, afectando toda a glândula, na qual a acção do frio alcança o tecido doente, mas também as zonas adjacentes (em que pode existir tumor).
- Ou num método direccionado (designado por terapêutica focal), onde apenas são afectadas as zonas doentes, ou seja, trata-se apenas a zona onde está localizado o tumor, evitando congelar tecido saudável.
Para se considerar a possibilidade de realizar este tratamento focal, é necessário garantir que o tumor não é multifocal (como muitas vezes acontece no tumor da próstata), ou seja, que está localizado em apenas uma zona da glândula e não em várias partes do orgão.
O uso de cada técnica depende de diferentes factores, quer do doente (como estado de saúde global, a existência de outras doenças ou cirurgias prévias, a toma de medicamentos) quer das características da própria patologia, nomeadamente quanto à localização do tumor na próstata, ao seu tamanho e agressividade das células que o compõem, ainda que seja sempre atrativo tentar preservar as zonas saudáveis.
Preservar a função urinária com a Crioterapia
A salvaguarda do normal funcionamento do aparelho urinário e da função sexual é uma preocupação comum perante um tratamento do cancro da próstata.
São dois efeitos descritos pelos pacientes após estas intervenções, sejam mais clássicas, como a Prostatectomia, ou mais recentes, como a Radioterapia.
A Crioterapia para cancro da próstata era (e continua a ser) associada a estes efeitos. Com o congelamento dos tecidos, tanto os nervos responsáveis pela erecção como as estruturas do sistema urinário podiam sofrer danos, prejudicando o seu normal funcionamento.
Porém, os vários desenvolvimentos no seu modo de actuação têm reduzido cada vez mais estas consequências.
Por exemplo, no que diz respeito à disfunção eréctil, a evolução na técnica da Crioterapia diminui a sua incidência.
Um dos motivos para a capacidade crescente de preservação da função eréctil pode estar relacionada com o uso da terapêutica focal, que facilita a protecção das zonas saudáveis, incluindo os nervos - especialmente em homens que não apresentavam problemas desta natureza antes do procedimento,
Mesmo que a capacidade de manter ou iniciar uma erecção seja afectada após a Crioterapia na próstata, uma parte considerável dos pacientes recuperam a função eréctil algum tempo depois da intervenção.
A mesma melhoria é notada relativamente à preservação da função urinária, ou seja, à capacidade de reter a urina e de a expulsar convenientemente, sem incontinência.
Primeiro, porque algumas estruturas próximas da próstata e responsáveis por esta capacidade não são afectadas com o método direccionado.
Depois, porque durante a Crioterapia a uretra e outras zonas adjacentes são protegidas do frio, graças a um líquido aquecido que circula por um catéter colocado na uretra..
Para além desta forma de proteção, o procedimento é controlado por sensores de temperatura, que garantem a segurança dos tecidos saudáveis.
Todavia, apesar destes cuidados, a disfunção eréctil e os problemas urinários ainda podem ocorrer após a Crioterapia. Estas consequências são mais comuns quando já foram realizados, no passado, outros métodos de tratamento, como a Radioterapia Externa.
Outros efeitos secundários possíveis com a crioterapia
Ainda que as consequências sexuais e urinárias sejam mais reduzidas, a Crioterapia, tal como as restantes terapêuticas, pode provocar outros efeitos colaterais.
Por norma, costumam ser pontuais e passageiros, entre eles:
- Dor ou desconforto no local onde foram colocadas as agulhas;
- Sangue ligeiro na urina;
- Edema no períneo, pénis, escroto, nádegas ou parte interna das coxas, por conta das agulhas;
- Apertos na uretra;
- Infecções urinárias.
Em certos casos, pode ainda formar-se uma fístula entre o recto e a uretra, embora seja raro.
Após o tratamento do cancro prostático pela Crioterapia
Como é um método pouco invasivo, algumas das principais vantagens face a outros métodos clássicos prendem-se com a rapidez na recuperação e no risco reduzido de complicações.
Após o tratamento por Crioterapia para cancro da próstata, os cuidados necessários são divididos por fases:
- No hospital, logo após o procedimento;
- Em casa, durante o período de recuperação;
- Nas consultas de follow-up (seguimento).
Vamos especificar o que acontece em cada uma.
1. No hospital
Apesar de o processo durar entre 1 a 2 horas, o paciente só pode ter alta depois do alívio do efeito da anestesia e do médico confirmar que se encontra estável.
Antes da alta, no próprio dia ou no seguinte, o paciente também recebe instruções sobre como usar a algália colocada durante o procedimento.
Esta sonda vesical ajuda a expelir a urina para o exterior, nas primeiras horas ou nos primeiros dias. A algália é fundamental porque a próstata pode “inchar” durante ou após o tratamento, dificultando a micção.
Além do mais, o médico fará algumas recomendações e serão marcadas as consultas de acompanhamento.
2. Em casa
De modo geral, os pacientes submetidos à Crioterapia retomam as suas actividades habituais dentro de poucas semanas após o tratamento.
Para diminuir a eventual dor ou desconforto, podem tomar analgésicos prescritos pelo médico ou antibióticos, com o intuito de prevenir ou tratar infecções.
É importante que o paciente evite realizar actividades que impactem a zona intervencionada, sob risco de causar desconforto ou dor e prejudicar a recuperação.
Caso o doente identifique sinais de infecção - febre alta e calafrios, urina com cheiro intenso ou cor muito escura, retenção urinária ou aumento da dor ou sangramento local - deve contactar de imediato o seu médico.
3. Nas consultas de follow-up
A periodicidade das consultas de acompanhamento é variável consoante a situação clínica. Geralmente, nos primeiros anos, costumam ser realizadas pelo menos duas vezes por ano (de 3/3 meses, durante o primeiro ano).
Durante estes encontros é expectável que o médico peça uma análise ao PSA, a fim de monitorizar os seus níveis para averiguar a eficácia do tratamento. Se baixarem e se se mantiverem reduzidos, é provável que tenha sido eliminado o cancro, mas se se mantiverem ou até aumentarem são necessários mais exames para esclarecer o quadro clínico.
Faça uma listagem das suas dúvidas e peça esclarecimentos a um médico especialista em Crioterapia
Quando a hipótese de recorrer à Crioterapia para tratar o cancro da próstata está em cima da mesa, é normal surgirem dúvidas que importa esclarecer.
Contudo, durante a consulta com o médico, é natural que se esqueça de algumas questões. Criar uma lista de dúvidas e questões vai ajudá-lo a lembrar de tudo o que deseja saber. Prefira sempre a opinião médica e rejeite opiniões infundadas.
Seguem algumas ideias de perguntas relevantes que pode colocar, tendo em conta o seu caso específico:
- A Crioterapia será administrada de forma focal ou em toda a glândula?
- Qual a probabilidade de desenvolver efeitos secundários ou sofrer complicações?
- Que resultados esperar tendo em conta o diagnóstico clínico, o tipo e extensão do tumor?
- Como e quando se sabe se a Crioterapia teve efeito?
- Como se realizará o acompanhamento após o procedimento?
- Posso precisar de outro tratamento após a Crioterapia?
- Que outras alternativas terapêuticas existem?
Para esclarecer estes pontos, tem à sua disposição uma equipa de médicos especialistas experientes do Instituto da Próstata. Preencha o formulário ou ligue-nos e marque uma consulta.
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