Síndrome doloroso da bexiga: tudo que precisa de saber sobre a doença

O síndrome doloroso da bexiga (BPS - do inglês “Bladder Pain Syndrome”) é uma doença com conhecimento crescente, que faz parte de um conjunto de doenças dolorosas de órgãos pélvicos a que, hoje, se chama síndrome de dor pélvica crónica.

Foi, historicamente, chamado de cistite intersticial, pois acreditava-se que resultava de um processo inflamatório crónico na bexiga, mas tem vindo a perceber-se que pode ocorrer mesmo na ausência de processo inflamatório.

É uma patologia cada vez mais identificada nas consultas de Urologia tanto em homens quanto em mulheres. Neste artigo vamos explicar-lhe com maior detalhe em que consiste esta doença crónica, como detectar e como tratar.

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Quais são as causas do síndrome doloroso da bexiga?

Uma das questões mais colocadas por quem sofre desta doença é o que causa o aparecimento da mesma? Essa questão tem poucas respostas definitivas, dado o desconhecimento que existe acerca da doença em questão. Sabe-se, no entanto, que as causas mais comuns são infecções urinárias recorrentes atuais ou passadas ou alguns factores auto-imunes, através de lesões que podem ocorrer nas camadas protectoras das paredes da bexiga com exposição de alguns terminais nervosos que podem enviar informações erradas para níveis superiores da consciência.

Parece haver uma relação directa entre traumas físicos recorrentes (como abusos sexuais em idades jovens) com a doença em questão.

Encontram-se também alguns factores endócrinos, psicológicos e genéticos em estudo, mas com muito ainda por definir.

Quais os principais sintomas do síndrome doloroso da bexiga?

Caracteriza-se pela presença de dor crónica sentida na região do baixo-ventre, onde se localiza anatomicamente a bexiga, com uma duração superior a 3 meses e sem qualquer patologia no órgão que explique o aparecimento dessa sintomatologia. Esta dor parece estar associada ao enchimento da bexiga, com alguns doentes a mencionar mesmo melhoria com a micção.

Este sintoma pode também associar-se a outros sintomas como:

  • disfunção urinária (predominantemente urgência miccional e incontinência urinária) - por norma, os doentes dizem sentir urgência miccional, com aumento da frequência miccional e, por vezes, com incontinência urinária associada;
  • sintomas de disfunção gastrointestinal - como diarreia ou obstipação;
  • sintomas de disfunção ginecológica - como dor crónica nos genitais;
  • sintomas de disfunção sexual - como dor durante a relação sexual.

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Alguns dos sintomas do síndrome doloroso da bexiga sobrepõem-se a síndromes de bexiga hiperativa, sendo muitas vezes as duas doenças indissociáveis.

Estes sintomas são, por norma, disruptivos da vida social e profissional dos doentes, com alterações profundas na qualidade de vida. É por isso importante identificar o problema para que possa ser controlado e não interferir na vida do paciente.

Como é detectado o síndrome doloroso da bexiga?

Doentes com queixas compatíveis com síndrome doloroso da bexiga devem ser observados com alguma brevidade por um Urologista, a fim de realizar um correcto diagnóstico e uma exclusão de situações estruturais graves do órgão que podem simular os mesmos sintomas (como por exemplo o aparecimento de um tumor da bexiga).

Usualmente, são necessários alguns exames complementares de diagnóstico algo invasivos para ter um diagnóstico correto, tal como:

  • A realização de uma cistoscopia (também conhecida como uretrocistoscopia) - para excluir presença de lesões tumorais ou mesmo inflamatórias, típicas da doença em questão, no interior do órgão;
  • Ou a realização de um estudo urodinâmico - para simular o enchimento da bexiga e verificar o aparecimento da sintomatologia, dando um diagnóstico definitivo.

Como tratar o síndrome doloroso da bexiga?

Relativamente ao tratamento da doença a primeira ideia chave que é importante reter é de que a doença não é curável (no sentido lato da palavra) mas sim tratável.

É possível um tratamento dos sintomas, o qual pode não ser fácil de atingir, sendo, por vezes, necessário realizar vários tipos de tratamento em simultâneo.

O tratamento desta patologia é sempre realizado começando pelos tratamentos mais conservadores como medicação oral e reabilitação do pavimento pélvico. Acredita-se que alguns fármacos tomados por via oral podem ter um papel importante no tratamento desta patologia, com resultados sustentáveis em alguns estudos publicados.

Relativamente à reabilitação do pavimento pélvico, também conhecida como fisioterapia do pavimento pélvico, esta pode ser importante, não só para resolução de sintomas urinários, mas também para resolução de alguns sintomas típicos de disfunção ginecológica ou sexual. Em alguns doentes podem ser necessárias técnicas mais invasivas como:

  • realização de distensão da bexiga com soro fisiológico (procedimento ambulatório de diagnóstico e com algum efeito terapêutico realizado com sedação) com ou sem realização de biópsias da bexiga (dependendo da existência de algumas lesões duvidosas na bexiga );
  • realização de técnica endoscópica de injeção de toxina botulínica (procedimento realizado em regime de ambulatório e com anestesia local);
  • em última instância, estes doentes podem ainda ser tratados com recurso a técnicas de neuromodulação de raízes sagradas.

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Alguns doentes podem necessitar de apoio multidisciplinar com intervenção de outros profissionais como nutricionista (para uma alimentação com restrição de alimentos irritativos para a bexiga), psicólogo (em doentes de difícil tratamento, para que aprendam a viver com a sua dor) ou sexólogo (em alguns doentes com disfunção sexual de difícil tratamento). O Instituto da Próstata dispõe de uma equipa médica multidisciplinar capaz dar resposta às necessidades específicas de cada paciente.

Trate o síndrome doloroso da bexiga com a ajuda dos profissionais certos

No Instituto da Próstata e Incontinência Urinária dispomos de todas as técnicas descritas para o melhor tratamento dos nossos doentes com a patologia em questão, bem como profissionais dedicados e especialistas nesta área, como o Dr. Paulo Pé Leve, com experiência na abordagem diagnóstica e terapêutica das doenças da bexiga.

Dr Paulo Pe Levre Sindrome Doloroso Da Bexiga Tudo Que Precisa De Saber Sobre A Doenca Instituto Da Prostata

Se sofre ou desconfia sofrer de problemas na bexiga, conte com a nossa ajuda para tratar o problema. Agende a sua consulta e proteja a saúde da sua bexiga e o seu bem estar geral.

Dr Paulo Pé Leve

Coordenador do Departamento de Incontinência Urinária e Pavimento Pélvico do Instituto da Próstata

  • Mestrado Integrado em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
  • Especialista em urologia funcional: disfunções miccionais, incontinência urinária feminina e masculina
  • Membro da European Association of Urology
  • Autor e Co-autor de 4 capítulos de livros nacionais e internacionais

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